segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Viagens: acessibilidade em Lisboa e Roma

Olá!


Hoje o post é apenas para ajudar aqueles viajantes com dificuldade de locomoção que pretendem conhecer as cidades de Lisboa, em Portugal e Roma, na Itália.

Esse ano viajei com meu avô para comemorar seu aniversário de 80 anos e foi uma luta obter informações sobre acessibilidade pois não existe nenhum lugar em que as informações estejam concentradas.

(IMPORTANTE) O meu avô apenas tem dificuldade de locomoção em razão da idade e artrose nos joelhos, portanto, diversas vezes durante nossos passeios era necessário que ele andasse sem a cadeira ou subisse pequenos degraus para nós (acompanhantes) içarmos a scooter de mobilidade.

Assim, minha intenção com esse post é apenas dar umas dicas e falar sobre o que fizemos, contudo o leitor deve SEMPRE checar as informações junto as atrações para saber se a acessibilidade esta funcionando.

1) Acessibilidade nos aeroportos: 

Para começar, quando você comprar a passagem aérea ou até 72h antes da viagem, você pode informar a empresa área que o passageiro precisa de auxilio. Isto porque os aeroportos estão virando verdadeiras cidades e as vezes andamos quilômetros (sem exagero) entre a área de despacho de bagagens e o portão de embarque.

Pensando nisso, existe um pacto na União Europeia que obriga os aeroportos a ter todo uma equipe de apoio a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, de graça, bastando que o passageiro informe a companhia aérea para que esta repasse a necessidade para o aeroporto e o resto é providenciado por eles.

Na chegada do aeroporto, dirija-se ao balcão de informações do aeroporto, informe o código localizador do vôo e empresa aérea. Eles chamam o pessoal da acessibilidade e daí para frente não tem preocupação pois o aeroporto de destino é informado do embarque da pessoa que solicitou assistência.

Para o caso do meu avô, foi disponibilizada uma cadeira de rodas e um ajudante para empurra-la pelo aeroporto. Normalmente essas pessoas ajudavam com muito mais do que isso, porque nos indicavam caminhos e, além disso, facilitavam a questão da imigração, possibilitando que meu avô e minha mãe passassem por locais especiais sem a demora e o cansaço dos tramites normais.

No aeroporto de Lisboa, além da cadeira e o ajudante, foi realizado o transporte dele até o portão de embarque em um carrinho de golfe.



Site aeroporto de Lisboa:  http://www.aeroportolisboa.pt/pt/lis/servicos-e-compras/servicos-premium/experiencias-unicas
Site aeroporto Fiumicino (Roma): http://www.adr.it/pt/web/aeroporti-di-roma-en-/pax-fco-reduced-mobility

2) Sobre a mobility scooter:


Você deve conhecer essa cadeirinha por ver programas norte-americanos ou filmes em que aparece um pessoal usando elas em supermercados e em diversos outros lugares. Pelo que eu pesquisei o acesso a elas é extremamente fácil nos Estados Unidos.

Na Europa é possível aluga-la mas não foi uma tarefa fácil encontrar mas no final das contas eu consegui.

Em Lisboa nós alugamos uma mini scooter na loja "Mais que cuidar". A loja funciona de segunda a sábado, sendo que você pode receber a scooter no hotel ou apartamento (nós alugamos apartamento) ou você pode buscar diretamente na loja (e economizar 50 euros).
A diária custa 9 euros.
Realizei todos os arranjos por e-mail e estava tudo pronto quando cheguei no horário informado para recolhimento da cadeira. A empresa foi muito solicita quando precisei postergar o aluguel.

Site: http://www.maisquecuidar.com/AluguerScooterMini.htm

Em Roma a situação ficou mais difícil (principalmente financeiramente). Somente encontrei duas lojas que disponibilizavam o aluguel desse tipo de scooter e uma delas o valor era tão exorbitante que eu me vi sem opção.
De qualquer forma, afora o alto valor do aluguel, tudo correu perfeitamente com a empresa "Acessible Italy.com"
Essa empresa não há a opção de pegar na loja, então você paga a taxa de entrega de 55 euros.
Além disso a diária é bem mais cara que em Lisboa, 34,80 euros por dia (ou 198,70 euros por uma semana).
Também realizei todos os arranjos por e-mail e a entrega e recolhimento aconteceram sem problemas.

Devo acrescentar que a scooter italiana tinha rodas maiores e um motor mais potente, o que facilitou muito os grandes deslocamentos nas atrações italianas.

Site: http://www.accessibleitaly.com/accessibility-in-italy.html

3) Sobre usar transporte público:

Tanto em Lisboa como em Roma nós somente utilizamos transporte público, isto é, metrô e ônibus.

Em Lisboa o transporte é maravilhoso para o cadeirante, qualquer que seja, se ficar hospedado na área da linha que sai do aeroporto e vai até a estação são sebastião pois TODAS as estações são 100% acessíveis, com elevadores de verdade para acesso as estações e o embarque. Atenção, apenas, na hora de embarcar no vagão do metro para sempre ficar posicionada bem a frente na estação para que o motorista do metrô veja você e espere que você entre. Na realidade, algumas vezes o motorista saiu da cabine de controle para ajudar no embarque do meu avô com a cadeira elétrica.

Nos primeiros dias ficávamos nervosos na hora do embarque, como medo da porta fechar em algum de nós, mas após pegarmos essa dica, tudo ficou muito mais fácil.

Para as áreas que o transporte não era acessível, compramos um bilhete de 24h de ônibus turismo - http://www.city-sightseeing.com/tours/portugal/lisbon.htm cujo bilhete custa 19 euros e vale para 24 horas (logo, dependendo do horário que você compre, vale até o próximo dia) e possui aquela adaptação para que o cadeirante suba da cadeira para o ônibus.

Ele deixa o turista do lado dos pontos turísticos e poupa o estresse de ficar indo de um lado para o outro procurando taxi ou bondinho, além de ter aqueles audioguides que contam a historia do lugar.

Já em Roma, NÃO RECOMENDO USO DE TRANSPORTE PÚBLICO.
Somente tenho reclamações em relação a estrutura da cidade para cadeirantes. Praticamente NÃO EXISTEM RAMPAS para se locomover pela cidade, diversas estações que eram acessíveis tinham o elevador de transporte da cadeira quebrado ou não eram adequadas para carregar uma scooter, obrigando que nós fossemos a outras estações.

Na real, teria sido impossível para o meu avô ter feito Roma sozinho com a scotter de transporte publico ou cadeira de rodas... enfim, não tem como um cadeirante se locomover sozinho pela maior parte da cidade.

Eu recomendo que o cadeirante gaste mais com a hospedagem, se localizando bem perto das atrações, e pegue o ônibus turístico para conhecer a cidade. É muito mais confortável que tentar se aventurar com o transporte público e muito menos estressante.

Existem diversos tipos diferentes de ônibus turísticos em Roma, e eu recomendo a compra do bilhete de 72 horas porque você separa as atrações que você quer ver por área, com calma.
Site: http://www.hop-on-hop-off-bus.com/rome-bus-tours ou você compra na hora com outra empresa. Praticamente todas as empresas que fazem esse tipo de serviço tem ônibus acessível.

3) Passeios na cidade de Lisboa, Fátima e Sinta (Portugal):

Um elogio que tenho que fazer em relação a Lisboa é na ótima pavimentação e a presença de rampas por quase todo o centro da cidade, facilitando muito que meu avô se locomovesse com a cadeira sem qualquer necessidade de ajuda. 

Contudo, para ir para a área de Belém, onde estão localizadas  as atrações do "Padrão do Descobrimento", "Mosteiro dos Jerônimos" e "Torre de Belém" é necessário ir de taxi ou pegar um dos ônibus de turismo que existem na cidade.

Outra área que precisa de táxi é para visitar o Castelo de São Jorge.

Meu avô foi no Oceanário de Lisboa, Elevador de Santa Justa e Mosteiro dos Jerônimos (passeio parcialmente acessível). Padrão do Descobrimento estava em obras.

Outros passeios que são acessíveis são: Castelo de São Jorge (mas não é muito fácil o acesso e só de parte do passeio) e Ruínas do Carmo.

Na cidade de  Fátima, que deve interessar mais aos católicos, tudo é acessível e foi muito útil para galgar as grandes distâncias do Santuário de Fátima o uso da scooter.

Em Sintra, os passeios consistem de forma geral em visitação de castelos. Em que pese eu ter visto que o Castelo da Pena e Castelo dos Mouros são acessíveis, ainda acho muito custoso o acesso e o passeio no local. No dia que visitamos a cidade o meu avô foi sem cadeira e apenas passeou pelo centro com a minha mãe.

4) Passeios em Roma (Itália):

Já disse antes mas vou repetir: Roma é uma cidade muito difícil para o cadeirante. Contudo, se localizando perto das atrações e comprando o passeio nesses ônibus de turismo acho que os problemas ficam resolvidos pois todas as atrações me pareceram bem preocupadas em facilitar o acesso dos cadeirantes.

No Coliseu bastou eu falar com o pessoal sobre o meu avô que eles rapidamente nos colocaram em outra fila para comprarmos os bilhetes (não cobraram o bilhete da minha mãe e do meu avô). O mesmo ocorreu no Castelo S'Antangelo, Museus do Vaticano e Basílica de São Pedro. Em todos em lugares disponibilizam rampas e elevadores para o acesso do cadeirante.

Isso não significa que essas atrações são fáceis de acessar. Mesmo com ônibus de turismo existe uns longos trechos entre o local de desembarque e o acesso a atração, logo, faço forte recomendação de que alugar a scooter para que a pessoa se sinta independente e para que não seja muito cansativo o deslocamento. O piso em Roma é praticamente todo de blocos de pedra, então faz diferença ter o motor para levar a cadeira, e não os braços.

Outros lugares que possuem elevador mas que eu não fui com o meu avô são: Piazza Venezzia / Museu Venezzia/Elevador de Vitor Emaluelle e Museo Capitolini, sendo que chegar nesse ultimo é uma enormeee e ingreme rampa, que somente foi possivel ser vencida porque estavamos com a scooter (mesmo assim a gente foi atras da cadeira pro caso de dar algum problema ou qualquer coisa do tipo).

Recomendo pegar um taxi para o dia de visitação dessas duas atrações (uma do lado da outra) para que na chegada ao museu capitolini o taxi possa desembarcar o cadeirante na porta de entrada e poupar essa "aventura" de subir a rampa.

O Fórum Romano e Palatino são inacessível - não importa que eles digam que é acessível. Não consigo imaginar muitos cadeirantes ou pessoas com scooter se locomovendo lá confortavelmente porque o piso é todo desnivelado. Não recomendaria.


5) Hospedagem:

Todo mundo sabe mas não custa enfatizar que vale o investimento em hospedagem não só acessível mas próxima as atrações.

Em Lisboa, recomendo hotéis próximos a estação de metrô Rossio pois é a única acessível que fica no coração da cidade e ao mesmo tempo te leva ao aeroporto, com uma única baldeação na estação alameda. Outra opção é ficar um pouquinho mais distante mas próximo a qualquer estação da linha rosa/vermelha que liga o Aeroporto - nós ficamos na estação Encarnação.

Em Roma, recomendo se hospedar próximo ao Termini (que além de estação de trem, é uma estação de metrô acessível), para que a chegada do aeroporto e embarque nos ônibus turísticos sejam fáceis.


É isso pessoal. Se tiverem dúvidas coloca aqui que eu tento dar uma luz.

Até!

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