quarta-feira, 15 de março de 2017

Livros: Eu, Christiane F. - 13 anos, drogada e prostituída

Olá!



O livro Christiane F.  foi um dos sorteados no grupo de leitura e discussão de livros que  eu faço parte – o Café com Letras. Na verdade o livro que eu deveria estar lendo agora é Cem anos de solidão (do Gabriel Garcia Marquez) mas tive um lapso de memória e acabei começando a ler esse e aí baguncei tudo.

Quando acontecer o café com letras eu trago as discussões que travamos no nosso encontro pois nesse post a ideia é falar sobre as minhas impressões do livro.

Para começar, consiste em um relato real e  eu já sabia a história do livro antes de ler ele porque vi o filme (que foi feito baseado no livro) quando eu tinha uns 10 anos. O filme me chocou muito e acho que até e até eu ler o livro, achava que era nova demais para ter visto aquele filme mas a minha opinião mudou.

A história resumida esta no subtítulo do livro: 13 anos, drogada e prostituída. Tá que o titulo e subtítulo são invenções brasileiras (na obra original o nome era completamente diferente - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo, que significa "Nós, os filhos de Bahnhof Zoo, estação de trem) mas acho que a forma brasileira utilizada foi boa porque já fala para o leitor o que esperar.

O engraçado é que o filme me chocou muito (e as lembranças do filme me chocavam) até eu ler o relato da Christiane. Os detalhes. A junção das declarações da mãe da Christiane e de outros profissionais que de alguma forma se relacionaram com o caso dela ou com a situação crítica que se passava na Alemanha no fim da década de 70. Isso sim é que choca porque o filme não tem a percepção, o desespero e diversos detalhes que o relato dela apresenta.

Acho que o que mais me impressionou era a minha reação constante a coisas que a Cristiane falava sobre o que motivou ela a iniciar o uso de drogas e a passar para uso de substancias mais pesadas. Ela repetiu várias vezes que era para se sentir “incluída” e no início eu ficava: que criancice, que idiotice, que imaturo.

Aí, teve um momento que o número 12 saltou da página e gravou na minha mente e eu realizei: LÓGICO que é infantil e besta esse tipo de pensamento! Christiane tinha 12 anos quando fumou maconha pela primeira vez em uma sociedade sem internet (para mim isso muda muita coisa!)

E o que me dá raiva (de mim) é que a minha reação parece semelhante com a reação do bom povo alemão da época que ignorava que a “drogada” na estação era uma criança! Que a menina com icterícia passando mal porque provavelmente usou uma agulha infectada É UMA CRIANÇA, mas que por ser drogada, teve atendimento negado no hospital.

E essa criança, quando conseguiu sair da merda e se desintoxicar continuou sendo desestimulada e convencida de que nunca poderia vencer na vida – pois tinha sempre o histórico de ter sido drogada no lombo.

Bom, indignações a parte e mesmo com toda a crítica ao sistema alemão na forma de lidar com o problema das drogas com crianças e adolescentes, eu realmente não tenho como não botar uma grande carga de tudo o que aconteceu nas costas dos pais da Christiane.

Sério, onde já se viu uma pessoa de 12 anos poder sair de casa todos os dias da semana? E não tinha tarefas, e tinha uma mesada “de graça” (independente de qualquer rendimento escolar). Por vezes dá impressão de que os pais não fazem ideia do que se passa com a vida acadêmica da menina!!

O mais bizarro – mesmo compreendendo as limitações tecnológicas da década de 70 – é que a mãe permitisse que uma menina tão nova simplesmente sumisse finais de semana inteiro e NUNCA fosse conferir com a mãe da suposta amiguinha se ela estava realmente lá.

Tá. Se não bastasse todaaaa a negligencia familiar pré e início do consumo de drogas, a reação da mãe quando descobriu que a filha esta injetando fucking HEROÍNA foi ... cara, só pode ser ignorância ou pura apatia porque parecia que ela não fazia nada. Somando as declarações da mãe com as da Christiane, me pareceu que a mãe deixou ela ainda mais solta e abandonada depois que descobriu o vício da filha.

Ta. Ta. A vida com internet é diferente. Mas realmente tenho a impressão que as coisas podiam ter sido muito diferentes se a Christiane tivesse tido uma presença familiar de verdade – não aquele “como eu não vi? Como eu não imaginei?” que a mãe dela fica soltando.

Tanto é verdade que a Kessy – amiga da Christiane cuja mãe encheu de porrada e proibiu de sair a noite nessa época – rapidamente se recuperou, voltou a frequentar normalmente o colégio e, segundo a própria Christiane, continuou tendo uma vida normal.

( Nesse momento vem todos os críticos de violência doméstica e bla bla bla. Não estou defendendo que você encha seu filho de porrada para ele “aprender”. Somente estou dizendo que entre ficar apático e tentar “bater no seu filho antes que alguém da rua bata” é menos traumático na vida do que se tornar viciado em heroína PONTO.)

Poster do filme.
Concluindo a análise: excelente livro – não que a leitura seja agradável, porque eu me sentia emocionalmente abalada diversas vezes – mas EXTREMAMENTE recomendável para formação individual, social e familiar das pessoas.

O vício em drogas realmente inicia cedo, eu vi isso na minha adolescência, e é uma tendência de adolescente tentar se enturmar sem medir as consequências desse tipo de escolha. Eu agradeço a Deus porque os amigos que eu resolvi me enturmar apenas curtiam rock e jogavam RPG xD

Logo: RECOMENDO essa leitura para TODAS as idades – é pesado mas antes cedo a leitura que fica como alerta para crianças e jovens do que o reflexo depois.

#Recomendo também o filme, que é de 1981 e tem o mesmo título. 

Até!



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